quarta-feira, 2 de março de 2011

A CARIDADE COBRE UMA MULTIDÃO DE PECADOS.

Já estamos no terceiro mês do ano de 2011 e queremos, durante este mês e em todo o ano de 2011 viver com o coração novo, para isto propomos uma experiência vivenciada por Ginetta - extraída do livro "Ginetta. Uma VIDA pelo IDEAL da UNIDADE" -, por ocasião da abertura do primeiro focolare na cidade de Milão, que nos dá uma pista para que isso aconteça:

Eu escrevia, sempre, tudo a Chiara e comunicava tudo ao nosso arcebispo (de Trento) e a padre Tommasi, que era o nosso assistente em Roma. Ele me disse: ‘... é preciso falar com o Cardeal Schuster, arcebispo de Milão’. (...)
Só pronunciar esse nome fazia todo mundo tremer! O cardeal Schuster era um dos mais importantes da Itália.
Tomeis o trem, mas naquele período, logo após a guerra, os trens confortáveis eram quase inexistentes, diria até que não existiam realmente. E, de fato, viajei naqueles trens em que se transportava gado. Portanto, um vagão onde não há lugar para sentar e, como tinham embarcado também os animais, não havia um bom odor, não se sabia onde por as mãos e era fácil perder o equilíbrio, pois não dava para se apoiar em nada. (...)
No dia seguinte, fui ao arcebispado. O secretário do cardeal perguntou-me o que eu queria. Disse-lhe que o meu arcebispo havia dito que eu teria que me encontrar com o cardeal Schuster. Perguntou-me:
- Qual é o assunto?
- É um assunto religioso.
- Bem, a senhorita não vai falar com o cardeal Schuster; vai falar com monsenhor Gornatti. (...)
Eu tomei tamanho susto que me esqueci que eu tinha um bilhete do nosso arcebispo. Mas fui.
Depois de vários corredores, um senhor me parou e perguntou:
- O que deseja, senhorita?
- Tenho aqui um bilhete do secretário do cardeal Schuster; devo falar com monsenhor Gornatti.
- Mas a senhorita sabe quem é monsenhor Gornatti?
- Sei apenas que devo falar com ele.
- Mas é um juiz!
Digo a verdade, por uma graça particular de Nossa Senhora, não caí... (...)
Tremia de medo e me perguntava: Mas, Ginetta, por que está tremendo de medo? Essa pessoa me dá medo, o juiz me dá medo. Mas escute, Chiara não nos ensinou a ver Jesus em todos? Então você tem medo de Jesus? Por que não vê Jesus nele?
(...) Entretanto, dizia a mim mesma: Por que ele me dirá não? Porque sou Ginetta; porque, se eu fosse Jesus, ele não teria coragem de dizer “não”. (...)
Mas surgiu outra dificuldade: Mas você, Ginetta, não é digna, é miséria, é pecado, é realmente a negação de tudo. Por isso você não é Jesus, eis a questão.
A essa altura todas, as pessoas já tinham entrado. O coração batia forte: Está chegando a minha hora, devo entrar. Mas o senhor que estava à minha esquerda, e era o último, me perguntou:
- Por favor, poderia me deixar passar à sua frente, porque tenho uma coisa importantíssima a fazer e não conseguirei se não entrar antes da senhorita.
Respondi:
- Sem dúvida! Com muita alegria!
Tendo feito isso, a paz voltou a reinar dentro de mim, porque me lembrei de que na Sagrada Escritura está escrito que a caridade cobre a multidão dos pecados. Naquele momento, fiz um ato de caridade ao irmão e acreditei que Deus podia purificar-me com aquele ato de caridade e preparar-me para me encontrar com aquele monsenhor.
Mais tarde ele saiu e eu entrei. O monsenhor me olhou e disse:
- Que paciência a senhorita teve!
Perguntou-me:
- Por que veio me procurar?
Contei ... (...). Ele ficou impressionadíssimo e me disse:
- Ma esse é um ótimo espírito, do qual têm urgente necessidade, não só os pequenos centros, mas também os grandes centros, como Milão! (...) A senhorita seguiu o caminho certo, pois o Evangelho diz: “Eu sou a videira e vós sois os ramos. Aquele que permanece em mim e eu nele, produz muito fruto” (Jo 15,5).

O CRUCIFIXO VIVO: povo pobre brasileiro.





Trecho extraído do livro ‘GINETTA. UMA VIDA PELO IDEAL DA UNIDADE’.

No Brasil reconheci o Crucifixo vivo na pobreza do focolare; mas me parece tê-lo encontrado, de forma chocante, no povo que eu via pelas ruas, nos pobres.
Antes, não conhecia a pobreza, a fome; não sabia o que era isso: ver uma pessoa faminta, ver uma pessoa explorada, oprimida, ridicularizada, caluniada, esmagada. E, no entanto, são homens, são criaturas como nós! Digo muitas vezes que, pela sensibilidade que tenho, se não morri, foi uma graça de Deus; porque eu não conhecia este aspecto. Se você acompanha as revistas, os jornais ou lê algum livro, eles não dizem nada! Eu acreditava que ao menos os velhinhos estivessem alojados num asilo, ou os doentes em algum hospital, mesmo ruim, talvez abandonados, sem cuidados, mas que tivessem ao menos uma cama... Mas ver as pessoas dormindo nas calçadas, para mim, foi uma coisa fortíssima, fortíssima!





E ali foi se revelando um aspecto de Jesus Abandonado que eu não conhecia – conhecia mais a parte espiritual Dele, aquele abandono de Deus, aquela ausência de deus, mais tarde nas dores morais, talvez nas dores físicas, mas não muito; nas dores físicas entendi aqui no Brasil! A cada passo deparava com Ele. Encontrava-o nas ruas, nas praças, na praia – não é que ia muito à praia, mas quando, por acaso, andava pelas ruas do bairro de Boa Viagem, o encontrava!
Quando chegamos, não tínhamos nada... E teríamos vontade de bater de porta em porta, para pedir esmolas e dizer: Ajudem-me, dêem-me alguma coisa para matar a fome destes e daqueles.




E ali Deus quis um passo meu, porque vi os nossos limites, vi que não conseguíamos... Ali havia fome, havia desnutrição, havia desprezo, pessoas humilhadas, esmagadas, como se houvesse tanques de guerra passando por cima da pobreza... com uma indiferença, sem saber o que faziam. Tanques que passam por cima, sem parar, sem olhar, sem piedade, com o coração de pedra! Aquilo que na Europa eu não conhecia... é uma experiência que fiz somente aqui! Foi algo duríssimo, porque deparei com os meus limites, os nossos limites.
Precisávamos da comunhão dos bens para irmos para frente... E foi ali que entendi: Somente Deus pode fazer alguma coisa. Deus é Pai! Um Deus que nós temos de apresentar. Trata-se de um coletivo, um Deus que é um coletivo, ou seja, as comunidades.
Tínhamos, diante de nós, um povo sem Deus. Aquele que é esmagado está sem Deus, pois quem é que lhe fala de Deus?! Aquele que está por cima talvez tenha conhecido Deus, mas... não se interessa. E aquela situação era como um grito, como se se apresentassem somente estas palavras: Deus, Deus, Deus, Deus! E esse grito precisaria ser multiplicado. Ali, entendi o pai-nosso, sobretudo a segunda parte: “O pão nosso de cada dia nos daí hoje”.
Mas assistia a tantos milagres, a tantos milagres na cidade de Recife, mas tantos mesmo! Seria preciso escrever livros e mais livros para dar glória a Deus, para dizer que o Evangelho é verdadeiro, que, se tomamos as palavras de Deus ao pé da letra, Ele responde. É uma coisa incrível!

POLO EMPRESARIAL GINETTA





Trechos do discurso do Senador Marco Maciel, ex-vice-presidente da República, ao Senado Federal Brasileiro em 24 de agosto de 2007, logo após a inauguração do Pólo Empresarial Ginetta, em Igarassu, PE, no Nordeste do Brasil.


Senhoras e Senhores Senadores,
Hoje estou aqui para falar sobre o Movimento dos Focolares, nascido na Itália durante a Segunda Guerra Mundial de um grupo de moças ao redor de Chiara Lubich. E chegou ao Brasil, em Recife, em 1959.
Então, no início da década de 60, encontrei um estudante universitário desse Movimento, que hoje está presente em 183 países, com mais de 4 milhões de aderentes, dos quais 250.000 no Brasil. Dentre as suas atividades, existe a edificação das Mariápolis, pequenas cidades nas quais os habitantes procuram viver segundo o espírito cristão, nas quais os jovens podem passar as férias ou participar de atividades de voluntariado (...). No Brasil existem três mariápolis permanentes: em São Paulo, no Pernambuco e no Pará.


Ao lado delas, nascem os Pólos Empresariais para empresas de pequeno ou médio porte, animadas pelo espírito da Economia de Comunhão (EdC), que tem por objetivo gerar uma cultura da solidariedade, fazer crescer a empresa e ajudar os necessitados. A Economia de Comunhão destina os lucros aos empresários, aos operários

e aos pobres internos e externos à Mariápolis, prevê um tratamento igualitário para os trabalhadores da empresa, um relacionamento correto com a concorrência e um maior respeito pelo meio ambiente.
(...) O primeiro Pólo Empresarial nasceu em São Paulo, seguido de outros na Argentina e na Itália. Agora, na primeira Mariápolis das Américas houve a inauguração, em Igarassu, do seu Pólo Ginetta, em homenagem a Ginetta Calliari, a pioneira italiana que trouxe o Movimento dos Focolares ao Brasil.

(...) Sr. Presidente, o Estado de Pernambuco está feliz por ter sido o primeiro na América a acolher o Movimento dos Focolares e de ter em Igarassu uma Mariápolis e, agora, um Pólo da Economia de Comunhão. (...)
Tudo isso num clima de fraternidade capaz de distribuir renda e superar a luta de classe, e com uma repercussão internacional, demonstrada pelos prêmios conferidos a Chiara Lubich na Europa e nos Estados Unidos, como o recente prêmio UNESCO.
(...) Concluo, Sr. Presidente, exprimindo a minha convicção, mais do que isso, a minha certeza de que experiências como a Economia de Comunhão sejam uma das estradas pelas quais poderemos passar da sociedade do ter à sociedade do ser. Isto é, ser mais do que ter.
Postado por Ginetta Calliari às 17:16

BIOGRAFIA DE GINETTA E ABERTURA DE PROCESSO ECLESIÁSTICO





SERVA DE DEUS GINETTA CALLIARI

Nasceu: 15 DE Outubro DE 1918 em Trento - Itália
Morreu: 08 de março de 2001 – São Paulo - Brasil

Em seus 42 anos de permanência no Brasil, Ginetta não poupou energias na difusão de uma cultura da fraternidade. Tendo o amor como fundamento de sua ação, além de se tornar uma líder espiritual para milhares de brasileiros, ela suscitou diversas obras sociais e culturais inspiradas nos ideais da Unidade e da Fraternidade que caracterizam o Movimento dos Focolares. Foi uma das principais propulsoras da Economia de Comunhão, um projeto que reúne empresas de diferentes setores que colocam parte de seus lucros a serviço da promoção humana e social de pessoas carentes.
Integrou o grupo que trouxe os Focolares...
Ginetta Calliari nasceu em Trento (Itália).




Esteve ao lado de Chiara Lubich na fundação e consolidação do Movimento dos Focolares – reconhecido oficialmente pela Igreja Católica como "Obra de Maria". O Movimento surgiu em 1943 e nestes 64 anos provocou uma verdadeira renovação espiritual e social envolvendo mais de 4,5 milhões de pessoas de todas as idades, raças, culturas, condições sociais e convicções religiosas, em 198 países (cf. www.focolare.org). Aos 25 de outubro de 1959, acompanhada de outras três focolarinas e quatro focolarinos, Ginetta chegou ao Brasil para dar início ao Movimento, residindo inicialmente na cidade de Recife até o ano de 1969 quando muda-se para Vargem Grande Paulista, SP, onde dá início a construção da Mariápolis Araceli, hoje denominada Mariápolis Ginetta. No Recife construiu a Mariápolis Santa Maria, no município de Igarassu –PE.. .
…para o Brasil, onde contam 300 mil membros
O Brasil foi a primeira nação fora da Europa onde uma seção do Movimento dos Focolares foi constituída. Atualmente conta cerca de 300 mil membros e 61 centros de difusão no país. De lá viajou pelo país inteiro para fundar e consolidar comunidades de Norte a Sul do Brasil.
Ginetta foi ainda a propulsora com outros membros do Movimento, de muitos projetos sociais no Brasil, convencida de que, somente formando “homens novos” imbuídos da mentalidade e da prática do Evangelho, será possível construir uma sociedade nova, marcada pela fraternidade. Por isso, doa tudo de si para que se concretize e se difunda o projeto Economia de Comunhão (EdC) e o Movimento Político pela Unidade (MPpU).
Deus burila o seu caráter com muitas purificações físicas e espirituais. No último período de sua vida, ao lado de uma Ginetta forte, exigente consigo mesma e com as pessoas a ela confiadas, encontramos uma Ginetta, mais compreensiva, cheia de misericórdia pelas fraquezas dos outros, paciente e refinada nas mínimas expressões de amor.

No dia 8 de março de 2007, na Catedral de Osasco, SP, Dom Ercílio Turco, após ter presidido uma solene missa com a presença de nove Bispos, 40 padres, muitos Religiosos, Religiosas, Seminaristas, o povo católico que lotava a Catedral, inclusive com delegações de representantes de Igrejas Evangélicas, Judeus, Budistas, e Autoridades políticas, instalou com solenidade o Processo de Beatificação e Canonização de Ginetta Calliari.






ORAÇÃO

Santíssima Trindade, acendestes no coração de Ginetta a fé incondicional nas palavras do Evangelho e na Providência Divina, bem como grande caridade e ardente zelo pela realização do testamento de Jesus: a UNIDADE.
Concedei que, se for Vossa Vontade, sua vida seja apresentada como modelo de santidade para a Igreja. Que o exemplo de sua vida nos ajude a concentrarmos, também nós, a mente, as forças e o coração no amor a Jesus Crucificado e Abandonado, caminho para a Unidade, e no cumprimento constante de Vossa Vontade, tendo como modelo Maria Santíssima.
Concedei-nos, por sua intercessão, se for Vossa Vontade, a graça que vos pedimos. Amém

Dom Ercílio Turco – Bispo de Osasco - SP


Alcançando graças por intercessão de Ginetta Calliari, favor comunicar à Postulação da Causa de Beatificação e Canonização.
Rua Rozário Gaspar, Nº 196 – 6730 – 000 – Vargem Grande Paulista – SP
Fone: (0xx71) 4159.1496 – e-mail: cginetta@terra,com.br

As ofertas para as despesas do Processo podem ser depositadas na conta corrente nº 2007-9 – Banco do Brasil, agência 3583 – 1
ASSOCIAÇÃO GINETTA CALLIARI


Mulher forte e sensível aos problemas sociais
Era uma mulher forte, profundamente sensibilizada pelos problemas sociais, pela justiça, pelo desejo de resgatar a dignidade humana em todos os níveis, que fez do Evangelho o seu código de vida. Ginetta faleceu no dia 8 de março de 2001, deixando atrás de si uma vida rica de frutos e obras, um exemplo luminoso. Leia, a seguir, um trecho do diário de Ginetta: "Quando cheguei em Recife, no dia 5 de novembro de 1959, foi um choque para mim ver…





Lançamento de livro biográfico de Ginetta
"…a desigualdade social, a discriminação, a fome que transparecia nos rostos. Disse a mim mesma: aqui não é possível ficar numa atitude passiva. Alguma coisa deve mudar. O que deve mudar? O homem. Pensei: é preciso ter homens com uma mentalidade nova para que nasçam estruturas novas e, conseqüentemente, cidades novas, um povo novo". Ainda nesta quinta-feira (8/3), após a cerimônia de abertura do processo, será lançado o livro biográfico: "Ginetta. Uma vida pelo Ideal da Unidade" (Editora Cidade Nova), organizado por Sandra Ferreira Ribeiro.

«Que todos sejam um». (Jo 17,21) Foi para estas palavras que nós nascemos, para a unidade, para ajudar a realizá-la no mundo. Chiara Lubich

O testemunho de Ginetta: o Evangelho, revolução social
Teve início, no dia 8 de março de 2007, o processo de beatificação de uma das primeiras companheiras de Chiara Lubich, Ginetta Calliari, entre as iniciadoras do Movimento dos Focolares no Brasil.

No dia 8 de março de 2007, após seis anos da morte de uma das principais protagonistas do Movimento dos Focolares no Brasil – Ginetta Calliari – a Igreja católica deu início ao estudo de sua vida, com a instauração do processo de beatificação, na perspectiva de reconhecê-la com modelo de vida cristã. A abertura do processo acontecerá na catedral de Osasco, região metropolitana de São Paulo, às 20 horas.
Muitas lideranças religiosas, políticas e de movimentos sociais de diversas tendências tiveram em Ginetta uma grande líder espiritual e uma fonte de inspiração em seus ideais e ações. Em seus 42 anos de permanência no Brasil, Ginetta não poupou energias na difusão de uma cultura da fraternidade, o Ideal da unidade, que caracteriza o Movimento dos Focolares. Com uma fé potente na força transformadora do Evangelho, além de se tornar uma líder espiritual para milhares de brasileiros, ela suscitou diversas obras sociais e culturais.

Foi uma das principais propulsoras da Economia de Comunhão, um projeto lançado por Chiara Lubich, justamente no Brasil, para contribuir na extinção da distância entre ricos e pobres, reunindo empresas de diferentes setores que colocam parte de seus lucros a serviço da promoção humana e social de pessoas carentes.
Ginetta Calliari (1918-2001), nasceu em Trento (Itália), esteve ao lado de Chiara Lubich desde o início do Movimento dos Focolares, nos anos 40. Em 1959 esteve entre os primeiros jovens focolarinos que vieram para o Brasil, o primeiro país fora da Europa em que uma seção do Movimento dos Focolares foi constituída. Atualmente conta com cerca de 300 mil adeptos e 61 centros de difusão.

GINETTA CALLIARI, SERVA DE DEUS

GINETTA CALLIARI, SERVA DE DEUS






Como já dizia Paulo VI o mundo ouve mais as testemunhas do que os mestres. João Paulo II, nas suas Cartas Apostólicas, Tertio Millennio Adveniente e Novo Millennio Ineunte convidava os bispos a propor a todos os fiéis a meta da santidade. (Cf. NMI, 31) lembrando que “as beatificações e canonizações manifestam a vivacidade das Igrejas locais” (TMA, 37). E Bento XVI continua na mesma linha pastoral. Sim, porque a santidade não deve ser vista como privilégio de poucos mas é a vocação de todo cristão. (Lv. 19, 2) E ser santos significa antes de tudo seguir os passos de Jesus, que passou pelo mundo fazendo o bem, ter um amor grande por Deus e pelo próximo.
Ginetta Calliari, co-fundadora do Movimento dos Focolares no Brasil faleceu 10 anos atrás, em 8 de março de 2001. Desde o seu falecimento, têm chegado declarações e testemunhos de muitas pessoas de todas as partes do Brasil, atribuindo a ela muitas graças recebidas, o que testemunha a sua fama de santidade junto ao povo.
Por isso, depois de seis anos de sua morte, em 8 de março de 2007, na catedral Santo Antonio, de Osasco, Dom Ercílio Turco deu início à fase diocesana do seu processo de beatificação, na presença de outros 7 Bispos, mais de 40 sacerdotes, num total de cerca de 2000 pessoas dos vários Estados do Brasil e também do exterior.
Ginetta nasceu em Trento, Itália, aos 15 de outubro de 1918. O fascínio pela virgindade sempre a acompanhou; tinha um temperamento forte, amava a liberdade.
Em 1944, deu-se o encontro de Ginetta com Chiara Lubich, fundadora do Movimento dos Focolares, vivendo com ela a experiência de fundação e expansão do Movimento. Ginetta tinha uma fé – que muitos definiam - ‘carismática’, traduzida em uma adesão radical ao Evangelho.
Aos 25 de outubro de 1959, Ginetta partiu para o Brasil com outras três focolarinas e quatro focolarinos, estabelecendo-se inicialmente em Recife.
Normalmente quando os missionários partem para terras longínquas, recebem um crucifixo como símbolo dos ideais que os motivam.
Ao se despedir do grupo de focolarinos que viajavam para o Brasil, Chiara disse a Ginetta que lhe dava não um crucifixo de metal mas um Crucifixo vivo. Isso significava que recebiam a incumbência de amar com amor de predileção todas aquelas pessoas que encontrariam no Brasil, especialmente aquelas que viviam sob qualquer espécie de sofrimento, recordando para eles o próprio Cristo na cruz.
E foi o amor aos Crucifixos vivos que ela encontrou por onde passava, que orientou a vida e a ação de Ginetta e, com ela, a dos membros do Movimento, desde aquela época, inspirando inúmeras iniciativas de cunho social com o objetivo de contribuir na resolução da situação de miséria de muitas pessoas nas várias regiões do Brasil.
Ginetta sempre foi muito sensível ao problema social. Tinha a convicção de que somente formando “homens novos”, ou seja imbuídos da mentalidade do Evangelho seria possível construir uma sociedade nova, marcada pela fraternidade. Assim ela iniciou e impulsionou muitos dos projetos sociais do Movimento, no Brasil
Em 1964 Ginetta veio a São Paulo e em 1969, transferiu-se, para Vargem Grande Paulista, a fim de dar início ao Centro Mariápolis, para encontros de formação dos membros do Movimento. O local transformou-se na Mariápolis Araceli (hoje Mariápolis Ginetta), uma cidadezinha com 400 habitantes, que deseja ser testemunho de unidade com base na lei evangélica do amor. Ali Ginetta viveu por 32 anos, até sua morte.
Ginetta sempre priorizou falar aos jovens sobre a beleza de seguir Deus. Atualmente, são mais de 500 as jovens e os jovens brasileiros, consagrados a Deus, que, inspirados no exemplo de radicalismo de Ginetta em viver o Evangelho quiseram percorrer a mesma estrada que ela percorreu.
Na vida de Ginetta encontramos uma grande sensibilidade para aquilo que se poderia chamar de “virtudes sociais”. Nas suas poucas excursões para descanso recolhia papéis, cacos de vidro, tudo o que pode ser sinal de irreverência para com a beleza da natureza e de perigo para o bem-estar do próximo pois - dizia que devia amar quem passaria por ali como a si mesma e que a natureza é criatura de Deus e portanto devemos respeitá-la.
As inúmeras purificações físicas e espirituais com as quais Deus burilou o seu caráter, principalmente no último período de sua vida, foram revelando sempre mais uma Ginetta que transmitia a quem estava ao seu lado uma forte presença de Deus.
Suas últimas palavras, no hospital: “Sem derramamento de sangue não há redenção” (cf. Hb 9,22), revelam a realidade que permeou sua vida, o “Crucifixo vivo”, Jesus Crucificado e Abandonado, seu único Esposo.
Após a sua morte muitos quiseram homenageá-la por reconhecerem quanto bem ela havia feito: foi realizada uma sessão solene na Câmara Federal dos Deputados, em Assembléias Legislativas de 11 Estados e em Câmaras Municipais de várias cidades. Foi dado o seu nome a um viaduto na Castelo Branco na entrada de Osasco, a uma rua em Sorocaba, ao Pólo empresarial da Economia de Comunhão em Recife.
O seu túmulo encontra-se no cemitério particular ao lado da Igreja de Jesus Eucaristia, na Mariápolis Ginetta, bairro de Vargem Grande Paulista, e recebe constantes visitas de pessoas de todo o Brasil que pedem a intercessão dela nas necessidades da vida.
O processo de beatificação de Ginetta já foi divulgado várias vezes em programas de televisões católicas brasileiras como a TV Canção Nova, a TV Século 21, TV Aparecida e TV Nazaré de Belém do Pará. E na TV católica italiana Telepace. Muitos jornais em todo o Brasil também anunciaram a abertura do processo.
Chegam continuamente notícias de todo o Brasil de graças recebidas por intercessão dela – já temos 260 relatos registrados - , e isso nos enche de alegria pois é motivo de muita glória a Deus. O Tribunal já ouviu o testemunho de 64 pessoas aqui no Brasil e, o mesmo trabalho está sendo feito na Itália.
Para um maior conhecimento de sua vida e obra, indicamos dois livros editados pela Cidade Nova: Ginetta. Uma vida pelo Ideal da unidade (2007) e o recém publicado: Ginetta. Fatos que ainda não contei (março, 2011)
Hoje queremos pedir a Deus que abençoe o trabalho de todos os que se dedicam às várias causas de beatificação, e que tudo seja para a maior glória Dele.

GINETTA CALLIARI, UMA MULHER REALIZADA

GINETTA CALLIARI, UMA MULHER REALIZADA

Sandra Ferreira Ribeiro

Uma mulher com grandes ideais.
Ginetta Calliari nasceu em Trento, norte da Itália, em 15 de outubro de 1918. Amava as lindas montanhas de sua terra natal; era ávida de conhecimentos, gostava da arte, da filosofia, nutria uma grande sede pela justiça social...
Em 1944 Ginetta conheceu Chiara Lubich, e participou com ela e outras jovens de uma extraordinária experiência que desembocará mais tarde naquele que passou a se chamar Movimento dos Focolares.
Deparando-se com a precariedade de todos os seus ideais diante da destruição provocada pela Segunda Guerra Mundial, decidiram doar a própria vida a Deus vivendo os ensinamentos de Jesus conforme liam no Evangelho. Sentiam que a existência humana, com todas as suas alegrias e sofrimentos adquiriam um novo sentido, que plenificava a vida e, assim, queriam transmitir esse novo Ideal a todo mundo.
Em novembro de 1959, Ginetta desembarcou no porto de Recife. Com ela, vieram outras três focolarinas e quatro focolarinos, que iriam iniciar no Brasil os dois primeiros centros do Movimento para além das fronteiras européias.
Normalmente quando os missionários partem para terras longínquas, recebem um crucifixo como símbolo dos ideais que os motivam.
Ao se despedir do grupo de focolarinos que viajavam para o Brasil, Chiara disse a Ginetta que lhe dava não um crucifixo de metal mas um Crucifixo vivo. Isso significava que recebiam a incumbência de amar com amor de predileção todas aquelas pessoas que encontrariam no Brasil, especialmente aquelas que viviam sob qualquer espécie de sofrimento, recordando para eles o próprio Cristo na cruz.
De fato, Ginetta mesma conta: “Chegando a Recife foi um choque constatar a desigualdade social, a discriminação, a fome que transparecia nos rostos”. Era o encontro face a face com o Crucifixo vivo. “Disse, então, a mim mesma: “Aqui não dá para permanecer passivos. Alguma coisa precisa mudar. O que precisa mudar? O ser humano”. E concluiu: “É preciso pessoas novas, com uma mentalidade nova, pautada pela fraternidade, de modo que surjam estruturas novas e, de conseqüência, cidades novas, um povo novo!”
E foi o amor aos Crucifixos vivos que ela encontrou por onde passava, que orientou a vida e a ação de Ginetta e, com ela, a dos membros do Movimento, desde aquela época, inspirando inúmeras iniciativas de cunho social com o objetivo de contribuir na resolução da situação de miséria de muitas pessoas nas várias regiões do Brasil.
Após uma permanência de cinco anos no Nordeste, viajando por todas as capitais daquela região, e levando com a palavra e o seu testemunho o ideal da fraternidade e da unidade, Ginetta foi para a cidade de São Paulo. Em 1969, transferiu-se definitivamente para o município de Vargem Grande Paulista. Dali, durante cerca de trinta anos, acompanhou pessoalmente a fundação de outros centros de irradiação do Movimento dos Focolares no Brasil: em Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Maceió, São Luís e, passo a passo, o desenvolvimento da Mariápolis Araceli (hoje Mariápolis Ginetta em sua homenagem), sede nacional dos Focolares.
A Mariápolis Ginetta, atualmente com cerca de 300 habitantes, é uma das 30 do Movimento. Surgiram com o objetivo de esboçar uma sociedade nova, expressão de fraternidade, de comunhão. Ginetta, com uma fé e trabalho incondicionais não economizou suas energias para que a Mariápolis se desenvolvesse e pudesse dar visibilidade aos ideais do Movimento dos Focolares. Ela era convicta de que a humanidade anseia por um mundo unido, por uma sociedade justa, e tinha pressa de demonstrar a todos que viver por esses ideais não é uma utopia mas é possível, é a única coisa que realiza realmente o ser humano, que sacia totalmente as suas mais profundas exigências de felicidade, de harmonia, de paz.
Por isso Ginetta tinha um coração largo, que abraçava o mundo todo e todo mundo, qualquer que fosse a convicção religiosa da pessoa. Buscava sempre o diálogo, seja com católicos e com cristãos de várias denominações, seja com fiéis de outras religiões e pessoas que, mesmo sem um referencial religioso, buscam a vivência de valores universais.
Ginetta acompanhou pessoalmente os trabalhos de formação humana em algumas localidades encontrando-se também periodicamente com os moradores como por exemplo – só para citar alguns - a Ilha do Inferno perto de Recife que em seguida passou a se chamar Ilha Sta Terezinha, na comunidade Magnificat no Maranhão, no Jardim Margarida, em Vargem Grande, no Butantã em São Paulo, no Bairro do Carmo, município de São Roque.
Na década de 1970 e 1980, quando fervilhavam na América Latina os movimentos sociais, tendo diante de si todas as pessoas dos Focolares que tiveram a própria vida transformada pelo Ideal da fraternidade e da unidade – inclusive várias provenientes de situações de extrema pobreza – Ginetta teve a idéia de organizar um livro que recolhesse todas essas experiências. O livro trazia como título “O Evangelho força dos pobres” (traduzido em italiano, holandês e espanhol) e adotado inclusive como livro-texto em algumas escolas. Foi um sucesso, e suscitou logo outro: “O Evangelho no dia–a-dia”, seguido de um terceiro, “Quando o Evangelho entra na família”.
Em 1991, Chiara Lubich, veio ao Brasil, e permaneceu vários dias na Mariápolis Araceli em Vargem Grande Paulista. Naquela ocasião, constatando pessoalmente as situações de injustiça social, lançou a idéia da “Economia de comunhão na Liberdade” (EdC).
A idéia da Economia de Comunhão (EdC) articula, em harmonia, princípios sociais e econômicos nunca antes justapostos: economia, solidariedade e liberdade. Visa a constituição de empresas – ou a inserção de outras já existentes - dispostas a colocar seus lucros em comum, destinando uma parte dos mesmos para os necessitados, outra para desenvolver estruturas para a formação de pessoas na cultura evangélica da partilha, e outra para incrementar a própria empresa.
Para Ginetta o projeto era uma resposta de Deus à sede de justiça que sempre a acompanhara, projetando em escala empresarial aquela comunhão de bens que desde os primórdios do Movimento era realizada em nível interpessoal. A participação de Ginetta na concretização da iniciativa foi imediata e determinante.
De modo especial, a implantação do Pólo Empresarial Spartaco, pioneiro na concretização da idéia de Chiara, requeria esforços, recursos, idéias e, especialmente, muita fé. O Brasil atravessava um período de recessão econômica; muitos estabelecimentos estavam fechando, e os membros do Movimento eram convidados a abrir empresas!
Com a sua típica fé em Deus, Ginetta ajudou moral e espiritualmente não só empresários, mas também funcionários e demais agentes da EdC não deixando que a chama inicial se apagasse no coração de ninguém. Ela olhava para frente, sabia que o projeto era uma inspiração de Deus; portanto, os obstáculos que apareciam pelo caminho seriam trampolins para passos ainda mais decididos: quantas experiências de leis que mudavam e de novas receitas financeiras, viabilizando o prosseguimento da iniciativa. Profissionais e até famílias inteiras, impulsionados pela fé que Ginetta tinha, mudavam-se de suas cidades e se transferiram para Vargem Grande para trabalharem pela EdC.
Em uma ocasião, respondendo a alguém que lhe tinha perguntado sobre o andamento da EdC, Ginetta exclamou “É sangue da alma!”, significando a sua profunda convicção da verdade contida na lógica do Evangelho: é da morte que nasce a vida, é morrendo na terra que o grão de trigo produz frutos! Essa certeza sempre acompanhou Ginetta em tudo o que fez e viveu.
Em 1996 nasceu o Movimento Político pela Unidade (MPpU), que vem se desenvolvendo também no Brasil. O MPPU constitui-se como uma rede mundial que congrega o empenho de pessoas de variadas tendências, que assumiram o ideal de transformar o princípio da fraternidade em categoria política, de modo que esta seja um instrumento para fazer da humanidade uma única família.
Em 1999, Ginetta acolheu na Mariápolis os parlamentares da Comissão Mista para o Combate e a Erradicação da Pobreza no Brasil. Eles visitaram a Mariápolis e o Pólo Spartaco pra conhecerem o projeto da EdC. Naquela ocasião, dirigindo-se a eles Ginetta afirmou: “Através dos senhores eu estou entrando no Congresso Nacional, e de lá não quero mais sair”. Expressava assim a sua convicção de que a política é aquele espaço privilegiado onde se tomam decisões que atingem todos os níveis da sociedade: economia, educação, cultura... E se aqueles ideais de fraternidade e de justiça que ela lhes havia apresentado não só com palavras mas com o testemunho de tantas pessoas, pudessem orientar continuamente os membros do Congresso Nacional, então um novo Brasil e a civilização do amor tornar-se-ia uma realidade.
Ginetta era profunda defensora da dignidade humana em todos os níveis. Para ela, a humanidade, obra prima de Deus, conforme a doutrina cristã, foi criada para ser a família dos filhos de Deus, na qual homens e mulheres têm uma idêntica responsabilidade na edificação da paz, da fraternidade. Por isso ela incentivava também as mulheres a tomarem iniciativas na sociedade: na política, na economia, nos cargos públicos. Sem essa específica contribuição feminina a vida em sociedade fica privada de equilíbrio, fica privada de tantos valores essenciais à formação humana – era a convicção também de João Paulo II. Na concretização da EdC muitas mulheres foram pioneiras justamente impulsionadas pela fé e coragem de Ginetta.
Ginetta faleceu em 8 de março de 2001. A data, em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, assume assim um grande significado na biografia de Ginetta.
As últimas palavras dela, antes de morrer, foi a frase das Escrituras que, ao longo de sua vida, a ouvimos repetir em várias situações: “Sem derramamento de sangue não há redenção”. Sim essa foi Ginetta, uma mulher de garra, de grande fé, que possuía um grande Ideal e que sabia que por esse Ideal valia a pena dar a própria vida.
No seu funeral estavam presentes mais de duas mil pessoas, de todo o Brasil e do exterior; vieram tributar-lhe homenagem e gratidão por tudo aquilo que ela havia representado em suas vidas.
Após a sua morte muitos quiseram homenageá-la por reconhecerem quanto bem ela havia feito: foi realizada uma sessão solene na Câmara Federal dos Deputados, em Assembléias Legislativas de 11 Estados e em várias Câmaras Municipais. Além da cidadania honorária paulistana foi dado o seu nome a um viaduto na Castelo Branco na entrada de Osasco, a uma rua em Sorocaba, ao Pólo empresarial da Economia de Comunhão em Recife.
O seu túmulo, ao lado da Igreja de Jesus Eucaristia, na Mariápolis que hoje leva o seu nome, é meta de contínuas visitas. Diante dos inumeráveis e edificantes testemunhos sobre a vida de Ginetta, baseada na fé em Deus e voltada ao próximo e ao compromisso com a fraternidade e com a justiça social, aos 8 de março de 2007, D. Ercílio Turco, bispo de Osasco, decidiu dar início à sua Causa de Beatificação.