domingo, 12 de junho de 2011

O BEM E NÃO OS BENS.






“QUALQUER UM DE VÓS, SE NÃO RENUNCIAR A TUDO O QUE TEM, NÃO PODE SER MEU DISCÍPULO.

Um pedido tão exigente e radical só pode impressionar. E ele não está reservado a uma determinada categoria de pessoas como os missionários, os religiosos, que devem estar desprendidos de tudo para poder anunciar o Evangelho em qualquer lugar. Também não se refere a momentos excepcionais, como poderia ser um tempo de perseguição, quando os discípulos devem estar prontos não somente a deixar os bens, mas a doar até mesmo a vida para permanecerem fiéis a Deus. Jesus dirige essas palavras a todos. Portanto, todos nós podemos vivê-las.
Trata-se de uma das condições para seguir Jesus, condição sobre a qual Lucas insiste no Evangelho: “Vendei vossos bens e daí esmola...; pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração”; (Lc. 12, 33). “Ninguém pode servir a dois senhores...; não podeis servir a Deus e ao dinheiro”; (Lc. 16, 13). Como é difícil para os que possuem riquezas entrar no Reino de Deus; (Lc. 18, 24).

QUALQUER UM DE VÓS, SE NÃO RENUNCIAR A TUDO O QUE TEM, NÃO PODE SER MEU DISCÍPULO.

Por que Jesus insiste tanto no desapego dos bens, chegando a fazer disso uma condição indispensável para poder segui-lo.?.
Porque a primeira riqueza da nossa existência, o verdadeiro tesouro, é Ele,!. Daí, então, o convite para colocar de lado todos aqueles ídolos – “tudo que tem” – que podem tomar o lugar de Deus em nós.
Ele nos quer livres, com a alma desprendida, sem qualquer tipo de apego e preocupação, portanto capazes de amá-lO realmente com todo o coração, a mente e as forças. Os bens são necessários para viver, mas devem ser usados com o máximo desapego. Devemos estar prontos a afastar qualquer coisa que venha a ocupar o primeiro lugar no nosso coração. Para quem segue Jesus, não há espaço para a cobiça, para o prazer das riquezas, para a busca exagerada do conforto e da segurança.
Quando Ele nos pede a renúncia aos bens, é também porque deseja a nossa abertura aos outros, que saibamos acolher e amar o próximo como a nós mesmos: é em favor dele que renunciamos aos nossos bens. O discípulo de Jesus não existe lugar para a avareza e para o fechamento diante do pobre.

QUALQUER UM DE VÓS, SE NÃO RENUNCIAR A TUDO O QUE TEM, NÃO PODE SER MEU DISCÍPULO.

Como, então, podemos viver essa Palavra de Vida.?
O modo mais simples de “renunciar” é “doar”.
Doar a Deus, amando-O, oferecendo-lhe a nossa vida para que dispondo dela como quiser, estando prontos a fazer sempre a Sua Vontade.
E para demonstrar-lhe esse amor, amemos os nossos irmãos e irmãs, dispostos a arriscar tudo por eles. Mesmo que não pareça, temos muitas riquezas a pôr em comum: temos afeto no coração a dar, cordialidade a externar, alegria a comunicar; temos tempo que pode ser colocado à disposição; orações, riquezas interiores que podemos colocar em comum; às vezes temos objetos, livros, roupas, um carro a emprestar, dinheiro.... Doemos sem pensar demais: “Mas essa coisa me pode servir nessa ou naquela ocasião....”. Sim, tudo pode ser útil, mas enquanto isso, se nós cedermos a estas sugestões, irão se infiltrando no nosso coração muitos apegos e aparecendo cada vez mais novas exigências. Não.!. Procuremos ter somente o necessário. Fiquemos atentos para não perder Jesus por causa de uma quantia acumulada, por causa de uma coisa da qual podemos abrir mão.

QUALQUER UM DE VÓS, SE NÃO RENUNCIAR A TUDO O QUE TEM, NÃO PODE SER MEU DISCÍPULO.

Para um “tudo” que se perde, existe um “tudo” que se encontra, infinitamente mais precioso. Acreditemos: quem ganhará com isso seremos justamente nós, porque, em lugar do pouco ou do muito que tivermos doado, teremos em troca a plenitude da alegria e da comunhão com Deus. E nos tornaremos discípulos verdadeiros.
Pois se um copo d´água doado terá a sua recompensa (Mt. 10, 42; Mc. 9, 41), qual recompensa não terá aquele que doa tudo o que pode, por Deus no irmão e na irmã.?.
Isso é confirmado por um dos muitos fatos que me são comunicados constantemente por aqueles que vivem conosco a Palavra de Vida.
Um pai de família, de Caracas, na Venezuela, fica desempregado. Depois de duas semanas adoece gravemente. Naqueles mesmos dias roubam o seu carro. Para ele e para a sua família é um momento difícil. Logo ele percebe que devem deixar o apartamento, porque não pode mais pagar o aluguel. Nesse meio tempo, um amigo deles, de poucos recursos, sente interiormente o impulso de responder de modo mais radical ao amor de Deus e de viver a Palavra conforme o exemplo dos primeiros cristãos, (At. 2, 42-47; At. 4, 32 – 37) que colocavam tudo em comum.
Na mesma noite, inesperadamente, chega a quantia necessária para terminar o que faltava na construção da casa.”.

(Cfr. Chiara Lubich, in Revista Cidade Nova, setembro de 2004, pág. 28 e 29. Acesse também: www.cidadenova.org.br )

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